Esboço de tradução #8 – A Estrada não percorrida | The road not taken -Robert Frost

A estrada não percorrida

(1916)

Duas estradas bifurcavam-se em um bosque amarelo,
E infelizmente não pude viajar por ambas,
E por ser apenas um viajante, por um tempo lá fiquei
Olhando para uma o quão longe conseguia,
Até onde se curvava e desaparecia.
Depois tomei a outra, igualmente justa,
E talvez com mais atrativos,
Pois era verdejante e queria ser usada,
Embora as pegadas que por lá passaram
Desgastaram as duas quase por igual.
E naquela manhã ambas igualmente se apresentavam
Em folhas que passo algum escureceu.
Ah! Deixei a primeira para outro dia!
Mas sabendo que um caminho leva a outros caminhos,
Duvidei que algum dia voltaria.
Eu contarei isso com um suspiro
Algum dia, daqui anos e anos:
Duas estradas bifurcavam-se em um bosque,
E eu escolhi a menos percorrida,
E isso fez toda a diferença.
The road not taken
Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair,
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that the passing there
Had worn them really about the same,

And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black.
Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:
Two roads diverged in a wood, and I—
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference

Esboço de tradução #7 – Felicidade | Happiness – Raymond Carver

Felicidade (1985)

Tão cedo que ainda está escuro.
Estou perto da janela, com café,
e com as coisas matinais
que geralmente passam pela cabeça.
Vejo o garoto e seu amigo
caminhando pela rua
para entregar jornais.
Eles usam bonés e suéteres,
e um dos garotos carrega uma mochila no ombro.
Eles estão tão felizes
e não estão falando nada, esses garotos.
Eu acho que se eles pudessem, eles iriam
segurar um no braço do outro.
É manhã cedo,
e eles estão fazendo isso juntos.
Eles vêm, devagar.
O céu clareando,
apesar de a lua ainda pairar pálida sobre a água.
Tanta beleza que por um minuto
morte, ambição, até o amor
não entram nisso.
Felicidade.  Ela vem
inesperadamente. E ela passa, realmente,
qualquer dia de manhã cedo falar sobre isso.

 

Happiness

So early it’s still almost dark out.
I’m near the window with coffee,
and the usual early morning stuff
that passes for thought.
When I see the boy and his friend
walking up the road
to deliver the newspaper.
They wear caps and sweaters,
and one boy has a bag over his shoulder.
They are so happy
they aren’t saying anything, these boys.
I think if they could, they would take
each other’s arm.
It’s early in the morning,
and they are doing this thing together.
They come on, slowly.
The sky is taking on light,
though the moon still hangs pale over the water.
Such beauty that for a minute
death and ambition, even love,
doesn’t enter into this.
Happiness. It comes on
unexpectedly. And goes beyond, really,
any early morning talk about it.


In: <https://www.poetryfoundation.org/poetrymagazine/browse?contentId=36049 >.

 

Raymond Carver (1938-1988):  EUA. Escritor. Reconhecido pelas suas short stories sobre a classe trabalhadora dos EUA e sobre momentos em que as relações humanas colapsam, como casamentos falidos, e desilusões de todo tipo.

CHARNECA EM JÆREN – Cecilie Løveid

Alguma vez você se
culpou

pelo instante
em que se apaixonou?

Quando finalmente começou a sentir
os estertores?

Você enxerga a si mesma.

E tudo
se intromete no caminho
de tudo.

 

 

[TORVMYR, JÆREN]

Kan du bebrejde deg selv
for det

øyeblikket
du bli forelsket?

Når det endelig begynner
å surkle?

Du spejler deg.

Og alt
renner i veien
for alt.

In: Um poema nórdico ao dia—Eitt norrænt ljóð á dag—En nordisk dikt om dagen <https://www.facebook.com/pg/nordrsudr/about/?ref=page_internal >. Traduzido do norueguês-bokmål por Leonardo Pinto Silva e Luciano Dutra na Feira do Livro de Gotemburgo.

 

Cecilie Løveid (1951 – atual): Norueguesa. Escritora, dramaturga, poetisa. Figura central na renovação do modernismo norueguês, brinca com teatro experimental. Entre seus temas principais estão a relação corpo – língua, comunicação e a escrita/literatura/arte como meio de contornar o absurdo/vazio da existência [tornar menos sofrido, eu diria].

 

Obs 1: Recomendo fortemente seguir a página  Um poema nórdico ao dia—Eitt norrænt ljóð á dag—En nordisk dikt om dagen . É um projeto muito interessante, com conteúdo novo todo dia. Vários poetas, com várias temáticas distintas. Vale a pena conhecer!

 

Obs 2: Quem nunca, né?

Esboço de tradução #4 – Canção da estrada aberta | Song of the Open Road – Walt Whitman

I

Andando e com o coração leve, eu avanço pela estrada aberta,
Saudável, livre, o mundo diante de mim,
O longo caminho de terra diante de mim levando para onde quer que eu escolha.

Deste momento em diante eu não peço por boa sorte; Eu mesma sou a boa sorte,
Deste momento em diante eu não lamento mais, não adio mais, não preciso de nada,
Basta de reclamações entre paredes, bibliotecas, criticismos lamurientos,
Forte e satisfeita eu viajo a estrada aberta.

A terra, isto é suficiente,
Eu não quero as constelações ainda mais perto,
Eu sei que elas estão muito bem onde estão,
Eu sei que elas são suficientes para aqueles que lhe pertencem.

(Ainda aqui eu carrego meus antigos e deliciosos fardos,
Eu os carrego, homens e mulheres, Eu os carrego aonde quer que eu vá,
Eu juro que é impossível me livrar deles,
Eu estou preenchida deles, e eu os preencho de volta).

(…)

V

Desta hora em diante eu me ordeno livre de linhas e limites imaginários,
Indo onde eu planejar, minha própria mestre, total e absoluta,
Ouvindo os outros, considerando bem o que eles dizem,
Parando, buscando, recebendo, contemplando,
De maneira gentil, mas com inegável vontade, removendo as amarras que me amarrariam.
Eu inalo grandes rajadas de espaço,
O leste e o oeste são meus, e o norte e o sul são meus.

Eu sou maior, melhor do que pensava.
Eu não sabia que em mim havia tanto bem.

Tudo parece belo a mim,
Eu posso repetir inúmeras vezes para homens e mulheres Você fez tão bem para mim Eu faria o mesmo a você.
Eu vou recrutar para mim e para você durante a minha ida,
Eu vou me espalhar entre homens e mulheres durante a minha ida,
Eu vou derramar uma nova alegria e rudeza entre eles,
Quem quer que me rejeite não me vai me incomodar,
Quem quer que me aceite ele ou ela será abençoado e vai me abençoar.

VI

Se mil homens e mulheres perfeitos aparecessem agora não iria me espantar,
Se mil formas maravilhosas de mulheres aparecessem agora não iria me assombrar.

Agora eu vejo o segredo do que são feitas as melhores pessoas,
É crescer ao ar livre e comer e dormir com a terra.

(…)

Agora eu reexamino filosofias e religiões,
Elas podem se sair bem em sala de aula, mas não sob as nuvens espaçosas e pelas paisagens e correntezas.

Aqui está a compreensão.
Aqui está uma mulher alinhada – ela percebe aqui o que ela tem em si,
o passado, o futuro, majestade, amor – se eles são ausentes em você, você está ausente deles.

(…)

XIV

Vamos! Pelas lutas e guerras!
O objetivo que foi nomeado não pode ser revogado.
As batalhas passadas foram bem sucedidas?
O que foi bem sucedido? Você? Sua nação? A natureza?
Agora me entendam bem – é dado na essência das coisas, que de qualquer fruição de sucesso, não importa o quê, deve surgir algo que tornará uma luta ainda maior necessária.

Meu chamado é o chamado da batalha, Eu nutro a rebelião ativa,
Aquele que vem comigo deve vir bem armado,
Aquele que vem comigo frequentemente vai lidar com dieta escassa, pobreza, inimigos raivosos, deserções.

XV

Vamos! A estrada está diante de nós!
É seguro – eu já a testei – meus próprios pés já a testaram bem – não se detenham!

Deixem o papel ficar em branco na mesa, e o livro na estante sem ser aberto!
Deixem as ferramentas ficarem no trabalho! Deixem o dinheiro não ser recebido!
Deixem a escola permanecer! Não liguem para o lamento do professor!
Deixem o pastor pregar em seu púlpito! Deixem o advogado falar na corte e o juiz explicar a lei.

Camerado, eu te dou a minha mão!
Eu te dou o meu amor, mais precioso que dinheiro,
Eu te dou mim mesma, antes da pregação ou da lei;
Você me dará você mesmo? Você viajará comigo?
Ficaremos um ao lado do outro enquanto nós vivermos?

 

 

SONG OF THE OPEN ROAD.

1
AFOOT and light-hearted I take to the open road,
Healthy, free, the world before me,
The long brown path before me leading wherever I choose.

Henceforth I ask not good-fortune, I myself am good-fortune,
Henceforth I whimper no more, postpone no more, need nothing,
Done with indoor complaints, libraries, querulous criticisms,
Strong and content I travel the open road.

The earth, that is sufficient,
I do not want the constellations any nearer,
I know they are very well where they are,
I know they suffice for those who belong to them.

(Still here I carry my old delicious burdens,
I carry them, men and women, I carry them with me wherever I go,
I swear it is impossible for me to get rid of them,
I am fill'd with them, and I will fill them in return.)


5
From this hour I ordain myself loos’d of limits and imaginary lines,
Going where I list, my own master total and absolute,
Listening to others, considering well what they say,
Pausing, searching, receiving, contemplating,
Gently, but with undeniable will, divesting myself of the holds
that would hold me.

I inhale great draughts of space,
The east and the west are mine, and the north and the south are
mine.

I am larger, better than I thought,
I did not know I held so much goodness.

All seems beautiful to me,
I can repeat over to men and women You have done such good
to me I would do the same to you,
I will recruit for myself and you as I go,
I will scatter myself among men and women as I go,
I will toss a new gladness and roughness among them,
Whoever denies me it shall not trouble me,
Whoever accepts me he or she shall be blessed and shall bless me.

6
Now if a thousand perfect men were to appear it would not amaze
me,
Now if a thousand beautiful forms of women appear'd it would
not astonish me.

Now I see the secret of the making of the best persons,
It is to grow in the open air and to eat and sleep with the earth.

(...)

Now I re-examine philosophies and religions,
They may prove well in lecture-rooms, yet not prove at all under
the spacious clouds and along the landscape and flowing
currents.

Here is realization,
Here is a man tallied—he realizes here what he has in him,
The past, the future, majesty, love—if they are vacant of you,
you are vacant of them.



14
Allons! through struggles and wars!
The goal that was named cannot be countermanded.

Have the past struggles succeeded?
What has succeeded? yourself? your nation? Nature?
Now understand me well—it is provided in the essence of things 
that from any fruition of success, no matter what, shall 
come forth something to make a greater struggle necessary.


My call is the call of battle, I nourish active rebellion,
He going with me must go well arm'd,
He going with me goes often with spare diet, poverty, angry 
enemies, desertions.    





15
Allons! the road is before us!
It is safe—I have tried it—my own feet have tried it well—be 
not detain'd!

Let the paper remain on the desk unwritten, and the book on the 
shelf unopen'd!
Let the tools remain in the workshop! let the money remain 
unearn'd!
Let the school stand! mind not the cry of the teacher!
Let the preacher preach in his pulpit! let the lawyer plead in the 
court, and the judge expound the law.

Camerado, I give you my hand!
I give you my love more precious than money,
I give you myself before preaching or law;
Will you give me yourself? will you come travel with me?
Shall we stick by each other as long as we live?


In: <https://whitmanarchive.org/published/LG/1881/poems/86>.

 

**Walt Whitman (1819-1892): Norte-americano. Conhecido pelo uso dos versos livres e da temática de exortação à vida (natureza, amor, amizade, sentimentos, contemplação, conhecimento subjetivo). O poema Song to the open road foi publicado pela primeira vez apenas na edição de 1881/82 de Folhas da Relva (Leaves of Grass, publicação original de 1855).

 

 

Obs: Tomei a liberdade poética em transformar o eu-lírico em uma mulher durante a tradução, o que implicou a modificação de sentido no trecho Here is a man tallied—he realizes here what he has in him,/The past, the future, majesty, love—if they are vacant of you,
you are vacant of them (Aqui está um homem aprumado – ele compreende o que ele tem em si/O passado, o futuro, majestade, amor – se eles estão ausentes em você, você está ausente deles).

Esboço de tradução #3 – Na Torre | Am Turme – Annette von Droste-Hülshoff

Na Torre

(…) Se eu fosse um caçador em campos inexplorados;
um pedaço de soldado que fosse,
Se ao menos eu fosse homem,
então o céu seria o meu conselheiro;
Mas enquanto devo me sentar de maneira tão fina e educada,
como uma criança comportada,
posso apenas soltar os meus cabelos em segredo
e deixá-los flutuar ao  vento!

 

Excerto de  Am Turme:

(...) Wär' ich ein Jäger auf freier Flur,
Ein Stück nur von einem Soldaten,
Wär' ich ein Mann doch mindestens nur,
So würde der Himmel mir raten;
Nun muß ich sitzen so fein und klar,
Gleich einem artigen Kinde,
Und darf nur heimlich lösen mein Haar
Und lassen es flattern im Winde!



In: https://www.droste-portal.lwl.org/droste-download/texte/Web-Text-Am-Turme-Swan-LV.pdf .

 

 

** Annette von Droste-Hülshoff (1797-1848): Alemanha. Marco literário na transição entre o Romantismo e o Realismo germânico. De família nobre, correspondia-se frequentemente com os Irmãos Grimm e demais intelectuais de sua época, apesar de viver isolada. Devido ao reconhecimento de sua obra poética em vida, após a morte de seu pai, comprou e administrou sozinha um castelo, o qual leva o sobrenome da poetisa.

2 poemas de Sanai: O Enigma | O Tempo Necessário

O ENIGMA

Alguém que se mantém distante do sofrimento
não é um apaixonado. Eu escolho o seu amor
acima de tudo. Quanto à riqueza,
se ela chegar ou ir embora, que seja.
Riqueza e amor habitam mundos distintos.

Mas enquanto você viver aqui dentro de mim,
não posso dizer que estou sofrendo.

 

O TEMPO NECESSÁRIO

Anos são necessários até o sol transformar
uma rocha iemenita em jaspe.

Meses devem passar até a semente de algodão
propiciar um manto primoroso.

Dias passam até um punhado de lã
tornar-se brida.

Levam-se décadas para uma criança
transformar-se em poeta.

E civilizações decaem e são soterradas
para crescer um jardim em ruínas,
a verdadeira mística.

 

 

THE PUZZLE
Someone who keeps aloof from suffering                 
is not a lover. I choose your love
above all else. As for wealth
if that comes, or goes, so be it.
Wealth and love inhabit separate worlds.

But as long as you live here inside me,
I cannot say that I’m suffering.



THE TIME NEEDED
Years are needed before the sun working on
a Yemeni rock can make a bloodstone.

Months must pass before cotton seed
can provide a seamless shroud.

Days go by before a handful of wool
becomes a halter rope.

Decades it takes a child
to change into a poet.

And civilizations fall and are ploughed under 
to grow a garden on the ruins,
the true mystic.



In: WASHINGTON, Peter (Org.). Persian Poets. Tradução persa-inglês por Coleman Barks. Nova Iorque: Everyman's Library, 2000, pp. 52-53.

 

**  Sanai (1150 – ?): Persa, poeta da corte do sultão de Gazni (Afeganistão). Suas inovações influenciaram Rumi e demais poetas persas ligados à tradição mística.  Ênfase no amor místico e temas sufis e filosóficos, como a relação alma – finitude – Deus. Quanto à forma, utilizava odes (qaṣīdah), lírica (ghazal) Mas̄navī (versos característicos da poesia épica, religiosa ou didática).  Conhecido pelo poema The Garden of Truth and the Law of the Path.

Janelas de Kaváfis || Minhas janelas

 

As Janelas - Konstantínos Kaváfis*

Nestes aposentos escuros, onde passo
dias agonizantes, ando em volta, acima e abaixo,
para achar as janelas. – Quando se abrir
uma janela, haverá consolo. –
Mas não há janelas, ou não posso
encontrá-las. E talvez seja melhor que não as ache.
Talvez a luz seja mais um tormento.
Quem sabe que coisas novas mostrará.



In: Floema - Ano VI, n. 6, p. 175-179, jan./jun. 2010, p.5. Disponível em: <http://periodicos.uesb.br/index.php/floema/article/viewFile/505/544 >. Tradução de Carlos Alberto Gomes dos Santos.

 

*** Konstantínos Kaváfis (1863-1903): Grego. Sobrenome também grafado como Cavafy. Poeta histórico-mitológico, erótico, coloquial.

———-

 

Gosto de janelas. Ao entrar em um cômodo, busco a janela.
O que se mostra? É o que vejo?
Procuro uma saída ou outro ponto de vista?

 

———

Janelas (para mim):

 

20180702_204153

 

20180702_204228

 

Nighthawks_by_Edward_Hopper_1942E. Hopper – Nighthawks

 

 

20180702_203949

 

 

 

Esboço de tradução #2 – Ein Auge, Offen – Paul Celan

Um olho, aberto

 

Horas, coloridas de maio, frias.
O que não há mais para nomear, quente,
audível na boca.

 

A voz de ninguém, novamente.
Dolorida profundidade do globo ocular:
a pálpebra não fica no caminho,
os cílios não contam
o que entra.

 

A lágrima, metade,
o aguçado cristalino, móvel,
mostra-lhe as imagens.

 

Texto original  (1959):

EIN AUGE, OFFEN
Stunden, maifarben, kühl.
Das nicht mehr zu Nennende, heiß,
hörbar im Mund.
Niemandes Stimme, wieder.
Schmerzende Augapfeltiefe:
das Lid
steht nicht im Wege, die Wimper
zählt nicht, was eintritt.
Die Träne, halb,
die schärfere Linse, beweglich,
holt dir die Bilder. 


In: Gesammelte Werke in sieben Bänden. Hg. von Beda Allemann und Stefan Reichert unter Mitwirkung von Rolf Bücher. Frankfurt a. M.: Suhrkamp.

 

 

 

 

**Paul Celan (1920-1970): Romeno, de origem judaica. Nato Paul Antschel. Sua poesia hermética aborda, principalmente, o absurdo da existência após o Holocausto (Shoah), de maneira simbólica e melancólica.

Esboço de tradução #1 – Schatten Rosen Schatten – Ingeborg Bachmann

Sob um céu estranho
Sombrias rosas
Sombras.
Sobre uma terra estranha
entre rosas e sombras
em uma água estranha
minha sombra.

 

Texto Original:

Schatten Rosen Schatten
Unter einem fremden Himmel
Schatten Rosen
Schatten
auf einer fremden Erde
zwischen Rosen und Schatten
in einem fremden Wasser
mein Schatten. 

In: BACHMANN, Ingeborg. Gedichte, Erzählungen, Hörspiel, Essays. Ed/Verlag: Piper (München), 1964, p.50.

 

* Ingeborg Bachmann (1926 – 1973): Austríaca. Formada em Filosofia e Direito, destacou-se na poesia, tradução e dramaturgia. Enfatiza temas como o absurdo diante da existência no pós-guerra; a melancolia; a solidão; a inefabilidade da linguagem perante limites pessoais. Pouco traduzida em língua portuguesa [este post é uma tentativa de mudança].